quarta-feira, 6 de maio de 2009

MEMÓRIA VIVA DE BITUPITÁ

Além de grande artísta, Odêmio do Pimpim pode, hoje, ser chamado de memória viva de Bitupitá. Ele coloca em suas telas, momentos eternizados que estariam fadados ao esquecimento, tornando esses momentos eternos… Esse blog homenagea-o com todo respeito que ele merece.

O CHAFARIZ QUE VIROU PRISÃO
 
Lembro-me como se fosse hoje: - seu Pimpimmmmmm! - Mim tira daqui! - Tô morreno de fooooome! Esse grito, a gente que morava na rua do Comércio, ouvia quase todos os dias. Eu achava ruim quando era madrugada, porque só sobrava pra mim. O papai se acordava, que acordava minha mãe para fazer a comida do preso, que me acordava para levar o prato. Muitas vezes eu fingia que estava dormindo, roncava bem alto, mas não tinha jeito, e lá ia eu morrendo de sono, cheirando arroz com farinha d'água e serra torrado. Quando chegava lá, era um sacrifício "enfiar" por esses buraquinhos. Primeiro, eu amassava com a mão em forma de "capitão", depois, passava de um por um, até que o preso comesse tudo. Meus pais tinham um coração muito bom, eles não faziam distinção de classe, todo mundo era igual. Esse chafariz foi de mil utilidades; era o principal ponto de encontro dos casais de namorados. O mais famoso deles foi o Tié e a Sivalda, eles bateram o recorde de namoro, só aí foram quase sete anos.

DESAFIO

DICAS: SEUS PAIS foram campeões de natação nas lagoas dos Bois e da Prata; troféus: prefeito Setembrino Veras e tenente Santana. Seus corpos atléticos foram destaques para os flashes femininos que piscavam no quebra-mar das marés de Bitupitá. A MÃE de uma delas foi rainha do partido Róseo, nas Almas Velhas. AS PRIMAS, na infância: enquanto uma passeava no Salgado no lombo do pipoca, um barrão do seu Matias, a outra se piriquitava toda, doida que a noite chegasse para participar da brincadeira - a minha esquerda está desocupada, quem a ocupa? Enquanto uma saía gritando atrás do palhaço Pirulito: - hoje tem espetáculo? - Tem sim senhor! - Às 7 horas da noite? - Tem sim senhor! - E arroooocha nêgraaaaada! - Uuuuuhh! - E remexe o xem-em-em, xem-em-em, xem-em-em, só para entrar de graça no circo do Panelinha, a outra fazia questão de pagar. Enquanto uma jogava bola, a outra jogava pedra na lua (sonhadora). No trânsito, uma é o Barrichello, a outra é o Airton Senna. Cantor: Come Mel. Música: os lindos olhos.

CANGELO vs. BORBOLETA

O grande público em frente à casa da Chica Pianca fez muita gente caprichar no visual. As sandálias "Pisa na Fulor" e a brilhantina "Flor do Vale" eram o que mais se via, afinal, o duelo entre os melhores repentistas da região estava prestes a começar. A sala, com apenas dois banquinhos de madeira e uma bacia de alumínio, com duas moedas só para chamar atenção, é aberta para a multidão. O grito da Lurdes Pianca traduzia o tamanho da expectativa que pairava sobre Bitupitá: - Óia a fila! Ramo entrano! Mas, nem tudo era tranquilidade, muita gente sabia o que os dois aprontavam, principalmente o Borboleta. Quando ele desconfiava que a derrota estava se aproximando, apelava para o ponto fraco de seu oponente, chamando-o pelo apelido de Canguelo, aí o "pau cantava". A multidão se revoltava e quebrava tudo. A Chica Pianca desconhecia esse detalhe. Resultado: depois da confusão eu a vi saindo com um pote vazio no ombro, cheirando a querosene, no rumo da casa da Claudete Pinto, seguida por curiosos... e eu atrás.