quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

UM PARAÍSO CHAMADO BITUPITÁ...

O litoral cearense é repleto de belezas naturais. De Leste a Oeste, revela belas surpresas e lugares pitorescos onde a natureza se mantém quase intocada. Assim é o litoral de Barroquinha. Com 27 quilômetros de praias, a maioria selvagens, é um litoral bastante primitivo, onde a pesca artesanal é a principal atividade econômica dos moradores das praias de Bitupitá e Curimã.

São percorridos, aproximadamente, 26 quilômetros em estrada carroçável, da sede de Barroquinha até as praias. Para conhecer todas elas é aconselhável contratar o serviço dos bugueiros da região.

O passeio pode começar pela Praia Nova, em linha reta, com mar agitado, piscinas naturais formadas pelas ondas e uma vila de pescadores. Por trás das dunas ficam as lagoas dos Remédios e Salgada. Dessa praia, dá para observar as dunas da Barra dos Remédios, no litoral do município de Camocim. A visão é deslumbrante.

Como se trata de uma vila de pescadores, é comum encontrar, na Praia Nova, homens consertando redes de pescas, a caçoeira. É assim que vive o pescador Wilson Teles Alves, de 40 anos. Ele conta que quando não está no mar, fica na praia preparando sua nova rede na companhia tranqüila de seu cão Xerife.

Partindo da Praia Nova em direção a Bitupitá, o próximo destino é Curimã, uma praia selvagem sem infra-estrutura. Poucos pescadores, trazendo em seus cesto, lagostas e camarões, são as únicas pessoas que se avistam no lugar.

O roteiro das praias segue por Bitupitá, o maior vilarejo de pescadores do litoral de Barroquinha, com cerca de 6 mil habitantes. Nessa praia, de ondas agitadas e areia escura, há forte presença de pescadores e uma singela infra-estrutura turística com restaurantes e pousadas simples.

Os varais com peixes expostos para secar são comuns na praia. Como são comuns também encontrar dezenas de mulheres nas pesqueiras ´tratando´ os peixes que chegam do mar. A quantidade de peixe é tamanha que uma dessas mulheres, dona Socorro Veras, conta que chega a ´tratar´ até duas mil unidades por dia. ´Para cada mil peixes tratados, ganho R$ 15,00´, revela.

O trabalho de ´tratar o peixe´ consiste em abrir o pescado ao meio, tirar sua espinha e salgá-lo. Depois de lavado, o peixe é colocado no varal, por 24 horas, para secar. O peixe espada é o mais comum nessa praia. O quilo dele seco custa R$ 1,00 e fresco, apenas R$ 0,70.

Pontal das Almas

 O destino seguinte é Pontal das Almas, a seis quilômetros de Bitupitá. O percurso é também pela praia. É essencial que o bugueiro contratado conheça bem o movimento das marés, pois quando a maré enche não há como chegar até o Pontal.

A deserta praia do Pontal das Almas fica na divisa dos estados do Ceará com o Piauí, onde já se pode avistar no estado vizinho a cidade de Cajueiro da Praia. O Pontal tem o formato de uma baía, com dunas ao redor, e nela desembocam as águas dos rios Timonha, Ubatuba, Chapada, Carapinas e Camelo. É proibido o tráfego de barco a motor no Pontal das Almas, pois nas suas águas vivem cardumes de peixe-boi.

Carnaubeiras ao redor dão um toque especial ao lugar exótico, que apresenta, também, como atrativo, o túmulo de Adelaide Elias Tahim, que os moradores da região chamam de Santa Adelaide.

Natural da cidade de Belém, Palestina, Adelaide veio morar no Brasil e ao morrer, em março de 1929, foi sepultada no cemitério de Capim-Açu, vizinho a Bitupitá. Em maio daquele mesmo ano, contam os moradores, ela apareceu pedindo para que seu corpo fosse trasladado para o Pontal das Almas. Ao ser desenterrado, o corpo de Adelaide Tahim estava intacto e exalava cheiro de flores. Ao lado do túmulo de Adelaide Tahim, no Pontal das Almas, algumas pessoas depositam ex-votos como agradecimento por graças alcançadas. O corpo de seu esposo, Demétrio Elias Tahim, encontra-se também enterrado em Pontal das Almas.

Retornando à vila de Bitupitá, um destino que não pode deixar de ser conferido são as Dunas do Venâncio, um lugarejo que fica após o distrito de Capim-Açu. Quem passa ao lado das dunas não desconfia do mundo de areia que se esconde por trás do primeiro morro à beira da estrada. Somente de cima das dunas é possível observar a imensidão de areia, que mais se assemelha a um extenso deserto. É um momento mágico. Estando lá, a vontade que dá é de rolar no mar de areia e brincar de pega-pega com a meninada que elegeu as Dunas de Venâncio como seu imenso playground. (Fonte: Diário do Nordeste – Caderno Turismo – 04/07/2008.